domingo, 5 de julho de 2009

Aproveite o cerco ao cigarro e pare de fumar. Você só ganhará com isso

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Matéria da Revista CARAS

Aproveite o cerco ao cigarro e pare de fumar. Você só ganhará com isso

Têm aumentado em todo o planeta as restrições ao tabagismo, pelo fato de levar a doenças graves, como câncer, infarto do miocárdio e derrame cerebral. O ideal é que você aproveite a ocasião e pare de fumar. Não é fácil interromper o hábito por vontade própria — uma minoria o consegue. Mas você pode se utilizar de remédios, que vêm ajudando muitos dependentes a se libertar do vício.

por Jaqueline Scholz Issa*

Aumentam em todo o mundo as restrições ao tabagismo. Uma das últimas ações governamentais nessa área ocorreu no Estado de São Paulo, onde lei aprovada pela Assembléia Legislativa estabelece que, a partir de 7 de agosto, será proibido fumar em todos os ambientes públicos fechados.

O hábito de fumar, convém relembrar, é tão antigo quanto a história humana. As substâncias do tabaco agem na região cerebral que proporciona prazer. Mas já nos séculos XVII e XVIII, na França, pesquisadores descobriam que o tabagismo provoca doenças. Só com as pesquisas desenvolvidas no século XX, porém, se constatou de maneira irrefutável a terrível relação entre tabagismo e morte precoce. Hoje se sabe que 50% dos fumantes morrem por causa do tabagismo.

O cigarro, como informa a embalagem, tem mais de 4700 substâncias, todas prejudiciais à saúde, sendo 30 cancerígenas. O problema mais comum do tabagismo é que altera a coagulação sanguínea, levando às doenças cardíacas, como o infarto do miocárdio e o derrame cerebral. O segundo órgão mais atingido é o pulmão, onde causam moléstias como doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer. Mas levam ao câncer também na boca, língua, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, bexiga e, na mulher, na mama, vagina e útero.

Outros malefícios comuns do cigarro são impotência e envelhecimento precoce. Todos os tabagistas podem desenvolver tais doenças mais cedo ou mais tarde, mas quem as tem no histórico familiar em geral as apresenta mais cedo.

O cigarro provoca dependência, por isso é difícil parar de fumar. Dependentes que decidem interromper o hábito às vezes sofrem muito. Por isso, só uma minoria o consegue. A interrupção no fornecimento de nicotina ao organismo pode levar ao aparecimento de sintomas - falta de concentração, irritabilidade e desejo compulsivo de fumar - que caracterizam uma doença catalogada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em seu Código Internacional de Doenças como síndrome de abstinência à nicotina.

Quem tenta e não consegue pode contar com o suporte dos medicamentos, criados para atenuar os sintomas da abstinência. Primeiro se desenvolveu produtos para repor a nicotina, como pastilhas, gomas de mascar e adesivos. Depois se criou a bupropiona a vareniclina na forma de comprimido. As duas substâncias agem no cérebro, substituindo a nicotina no proporcionamento do prazer.

A melhor estratégia no tratamento para parar de fumar consiste em usar remédios ou adesivos de nicotina - sempre acompanhados de mudanças na rotina e adoção de novos comportamentos - e em uma situação de estresse, em que existe o risco de voltar a fumar, se não houver nenhuma contra-indicação, lançar mão também da pastilha ou da goma de nicotina.

Repositores de nicotina podem ser adquiridos sem receita médica; já os remédios de bupropiona e vareniclina só podem ser comprados sob indicação de um médico. O ideal é consultar um especialista para que analise a situação do paciente e indique a estratégia de tratamento mais adequada. Somente o médico tem condições também de acompanhar o caso e fazer as correções necessárias. Agindo desse modo, a possibilidade de sucesso sempre é maior.

* Jaqueline Scholz Issa (44), médica cardiologista na capital paulista, é doutora em Cardiologia e diretora do Núcleo Antitabagismo da área de Cardiologia do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Publicou Deixar de Fumar Ficou mais Fácil (MG Editores).
E-mail: jaqueline@incor.usp.br

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