sábado, 24 de julho de 2010

Bate bola com Viviane Senna





Bate bola com Viviane Senna

“O meu irmão Ayrton tinha talento e encontrou na vida oportunidades. Nós do Instituto Ayrton Senna damos oportunidades a quem tem talento”.

Viviane Senna não é somente a irmã de um tricampeão, mas é também a concretizadora de um sonho revelado pelo irmão dois meses antes de seu acidente fatal.

Ayrton era movido por um ideal, a busca da perfeição, e por uma paixão, a velocidade. A imagem vitoriosa deste brasileiro, considerado um dos maiores atletas da história, é reconhecida nos quatro cantos do mundo, seja por seu talento excepcional e por sua determinação impressionante, ou por seu desempenho quase mágico. Mas isso tudo não resume o homem Ayrton Senna. Ao lado de sua paixão pelas pistas, pelos carros e pela velocidade tão conhecida de todos nós, havia também uma outra paixão: a paixão por seu povo e seu país. Essa paixão secreta se revela a cada vitória conquistada, quando em meio à multidão ele insistia em procurar a bandeira que dizia ao mundo de onde ele vinha e com quem adorava dividir aquela vitória.

Essa paixão também brilhou nos seus olhos quando, dois meses antes do acidente que lhe tirou a vida, ele me contou seus planos de estabelecer alguma ação de ajuda a seu povo, especialmente as crianças e jovens - as principais vítimas de uma sociedade desigual.

Poucos conheciam esse lado de meu irmão, mas foi exatamente desse lado, que não se conformava com a realidade existente em seu país, que nasceu a vontade de fazer alguma coisa, e de retribuir um pouco daquilo que ele teve a sorte de ter, mas que a maioria das crianças brasileiras não têm: oportunidade.

Oportunidade de ter estudo e saúde, cultura e profissão. Seu sonho e ideal, nascidos de sua paixão por seu país, permaneceram em forma de semente. Uma semente que foi plantada. Assim nasceu o Instituto Ayrton Senna, uma organização sem fins lucrativos, mantida por 100% dos royalties de todos os contratos de imagem do Ayrton, da marca Senna e do personagem Senninha, doados integralmente por sua família.

Desde que foi fundado em 1994, o Instituto Aryton Senna está apoiando programas que atendem mais de 40.000 crianças e adolescentes brasileiros em situações de risco pessoal e social. São programas que vão desde nutrição e saúde infantil até educação, profissionalização, esportes e cultura. Tudo isso para dar às crianças e adolescentes uma oportunidade e um começo.

Porque na vida para cruzar qualquer linha de chegada é preciso primeiro um ponto de partida.

Qual a missão do Instituto Ayrton Senna?

Contribuir com a criação de oportunidades de desenvolvimento humano para que as crianças e os jovens possam desenvolver seu potencial como pessoas, cidadãos e futuros profissionais.

Além de oferecer apoio financeiro, como as empresas parceiras podem estar mais comprometidas com os programas do Instituto Ayrton Senna?

Assumir uma co-responsabilidade não se resume apenas a apoiar financeiramente um programa ou uma ação social, mas efetivamente somar forças em torno de uma causa e não medir esforços para chegar ao horizonte desejado. Não se trata de uma ação corporativa ou de marketing social, mas de um compromisso sem meios termos com uma causa, como a causa da juventude, por exemplo.

A educação é uma questão básica para o desenvolvimento social, mas o Brasil tem uma série de outras deficiências nas áreas de saúde, saneamento, habitação, alimentação... Para o Instituto, o que é tão importante na educação a ponto dessa questão ser tratada como prioridade?

O desenvolvimento das comunidades e dos países não pode ser entendido somente do ponto de vista econômico. Ele deve estar centrado nas pessoas. E as únicas oportunidades que verdadeiramente desenvolvem o potencial do indivíduo são as educativas. Saúde, alimentação, habitação, saneamento, transporte também são condições imprescindíveis para esse desenvolvimento. Mas não o promovem por si sós. A educação é a ação capaz de transformar o potencial de uma pessoa em competências, atitudes e habilidades que lhe permitam viver, conviver, produzir e ampliar cada vez mais seu conhecimento acerca de si mesma e do mundo.

O Programa Escola da Família, do qual o SuperAção Jovem faz parte, vai oferecer bolsas a jovens universitário para trabalhar nas escolas do Estado de São Paulo nos fins de semana. Esses jovens serão treinados para criar vínculos com a comunidade e entender a realidade local? Como isso será feito?

Os universitários que estão no Escola da Família são originários de escolas públicas. Muitos deles vão trabalhar em suas escolas e comunidades de origem. Eles serão preparados e acompanhados pela equipe da Secretaria de Estado da Educação e pelo Instituto Ayrton Senna para aprenderem a atuar no SuperAção Jovem, com a tecnologia social de formação de adolescentes proposta pelo Instituto. Ao mesmo tempo em que trabalharão com os adolescentes das escolas, eles aprenderão a desenvolver seus potenciais e a transformá-los em competências pessoais, relacionais, cognitivas e produtivas.

Quantos educadores e universitários estarão envolvidos neste treinamento e como será sua participação?

Ao todo, teremos cerca de 5 mil educadores escolares e até 25 mil universitários. Eles atuarão nos "boxes", ou seja, criando condições e dando suporte para que os adolescentes de 14 a 18 anos que freqüentam as escolas nos fins de semana sejam os "pilotos" de transformações significativas em suas comunidades. A idéia é que os alunos passem a atuar nas escolas criando e implementando soluções para as questões do mundo ao seu redor, e não sejam encarados mais como fonte de problemas. Para que isso ocorra, é necessário que educadores e dirigentes escolares também aprendam a tratar o jovem como solução. É essa mudança de mentalidade na escola que estamos propondo com o Programa SuperAção Jovem.

O próximo passo é começar as atividades nas escolas, por meio do Game SuperAção. Qual a metodologia usada e quais os resultados esperados?

O Game SuperAção é uma ferramenta lúdica para envolver os jovens no processo de transformação de seus potenciais em competências para viver, conviver, conhecer e produzir. É um jogo, uma espécie de campeonato, em que eles inscrevem suas idéias e seus projetos para melhorar a escola, a comunidade e até suas cidades. O jogo consiste em realizar esses projetos e, ao mesmo tempo, extrair da prática aprendizados valiosos sobre si mesmos, a relação com os outros, o conhecimento e a capacidade de empreender ações no mundo. Assim, os jovens aprendem a se transformar enquanto transformam a realidade que pretendem mudar. Somente com ações educativas como essa, eles terão a oportunidade de se tornarem autônomos, solidários e competentes para conduzir suas vidas.


VIVIANE SENNA – É uma empresária brasileira. É a irmã do piloto tricampeão mundial Ayrton Senna. É mãe do também piloto Bruno Senna. Ela é presidente da Fundação Ayrton Senna, inaugurada em Londres em junho de 1994 e também do Instituto Ayrton Senna, com sede em São Paulo desde novembro do mesmo ano.

Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica em São Paulo, com especialização em Psicologia Junguiana pelo Instituto Sede Sapientiaes da Universidade Católica, atuou na área de Psicologia Clínica como psicoterapeuta de adultos e crianças e também como supervisora de grupos de formação e aperfeiçoamento de terapeutas. Além disso, coordenou grupos de estudos de Psicologia Profunda. É a única brasileira membro do grupo Amigos Adultos do Prêmio das Crianças do Mundo ao lado da Rainha Silvia da Suécia, Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e José Ramos Horta, Prêmio Nobel da Paz, entre outros.


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