sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Trilha do Saber: inclusão e valorização

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[ Responsabilidade Social ]
Trilha do Saber: inclusão e valorização

Élida Bezerra
Estagiária de Jornalismo do site RH.com.br.

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A inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais (PNE) ao mercado formal de trabalho atualmente não tem sido uma tarefa muito fácil. Embora as empresas tenham reservado uma parte de suas vagas para os profissionais com algum tipo de deficiência, visando o cumprimento da Lei Federal 8.213/91, muitas delas sentem dificuldades na contratação. Geralmente, a ausência de mão-de-obra qualificada, ou seja, a falta de trabalhadores que tenham o perfil profissional da organização, torna-se um obstáculo à efetivação de PNEs nos quadros corporativos.

Para garantir a oportunidade de emprego a esses profissionais, a Tokio Marine Seguradora adotou ações que visam à inclusão e à valorização de pessoas com deficiência e uma delas é o programa Trilha do Saber. A companhia paulista, que faz parte do Grupo Tokio Marine Holdings - presente em 36 países -, atua no Brasil desde 1959 e possui filiais e representantes em grande parte do território nacional.

Flávio Ayrosa, diretor de Recursos Humanos da Tokio Marine, conta que a empresa sentiu dificuldades em achar no mercado de trabalho profissionais com formação, capacitados para a execução das atividades da seguradora. Para ele, a quantidade oferecida pelo mercado corporativo é pequena. "Para conseguir atender à demanda, mudamos o foco e investimos em formação, desenvolvimento e capacitação", destaca.

Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS 2008), divulgada este mês pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), aproximadamente 323 mil trabalhadores portadores de necessidades especiais estão ativos no mercado de trabalho.

Trilha do Saber - Tudo começou a partir de resultados obtidos através de uma pesquisa realizada com os funcionários da empresa e com gestores que possuem colaboradores com deficiência. A partir desse levantamento, foram detectadas as principais necessidades de treinamento. Após o planejamento, realizado durante o mês de fevereiro e março deste ano, a diretoria de RH caiu em campo e deu início às atividades do programa em abril, promovendo mensalmente treinamentos técnicos e comportamentais que ajudam na capacitação e aprimoramento das habilidades profissionais.

De acordo com Flávio Ayrosa, no Brasil, o programa conta com a participação de 36 funcionários, sendo 24 deles locados na sede, situada na capital paulista. "Os colaboradores que não estão em São Paulo, acompanham o treinamento remoto, ou seja, cada um deles é beneficiado pelo ensino à distancia", informa.

A Tokio Marine utilizou muito bem da criatividade. Para fazer menção ao nome do programa "Trilha do Saber", os envolvidos utilizaram as ferramentas para aludir o tema. A cada módulo eles recebem ferramentas como, por exemplo, bonés, pás e outros instrumentos que contribuem no processo da busca da busca pelo tesouro, ou seja, o conhecimento.

Hélio Sousa, coordenador de Treinamento e Desenvolvimento, destaca que ao longo da formatação do processo, os funcionários foram avisados - através de e-mail pessoal, mural, jornal - de que seria realizado um evento voltado para eles. "No dia da estreia do programa, pela manhã, os colaboradores com deficiência tiveram uma surpresa. Cada um encontrou na sua mesa uma garrafinha que continha um convite, uma mensagem chamando o profissional a participar do projeto", relembra ao citar que a expectativa pelo início das ações era alta.

O programa favorece ao aprendizado e desenvolvimento, pois oferece um modelo inovador. Hélio Sousa explica que o programa cumpre no total uma grade disciplinar de 54 horas de treinamentos, dividida em dez módulos que são apresentados por títulos, metodologias e dinâmicas.

Segundo o coordenador de T&D, cada etapa tem um objetivo e as aulas são realizadas da forma tradicional - em sala de aula -, bem como ao ar livre, conforme a necessidade do conteúdo a ser repassado. Hélio Sousa exemplifica que o último tema estudado foi "trabalho em equipe". "Durante a manhã, a aula foi conceitual, focamos na teoria. Exibimos o filme Vida de Inseto para retratar o trabalho em equipe. Fizemos todo um clima de cinema, com distribuição de pipoca", comenta.

Para discutir na prática os pontos do tema em questão, o coordenador conta que os colaboradores foram ao Parque Ibirapuera participar de uma atividade lúdica. "Eles tiveram que construir uma estátua em argila, o que retrata o trabalho em equipe. Tinham que lidar com o poder da negociação, pois cada grupo tinha algo faltando, ou seja, estavam com o material incompleto", observa.

O diretor de Recursos Humanos, Flávio Ayrosa, destaca que ao final do programa, os colaboradores serão responsáveis pela conclusão de um projeto de inclusão a ser aplicado na empresa. Segundo ele, os funcionários recebem acompanhamento mensal. "A assistente social faz uma visita para saber se há aceitação, como eles se sentem na companhia", informa, ao acrescentar que as ações estão previstas a serem realizadas até o mês de dezembro de 2009.





Integração dos PNEs - Flávio Ayrosa ressalta que os treinamentos, além de capacitar e gerar mudanças comportamentais no meio corporativo, têm a intenção de promover a integração entre os profissionais portadores de necessidades especiais e os demais colaboradores. "O programa veio para incluir, desenvolver e capacitar essas pessoas com deficiências, melhorando o convívio e otimizando a produtividade no ambiente de trabalho", pontua.

Rosângela Maria de Lima Cordeiro da Silva, 36 anos, trabalha há um ano e um mês como assistente administrativo na Tokio Marine. A funcionária, que possui osteoartrite - que prejudica a mobilidade - em uma das pernas, afirma entusiasmada que a iniciativa da organização é construtiva. "Esta é uma oportunidade de se desenvolver e de conhecer ao outro. A integração no ambiente de trabalho é, sem dúvida alguma, importante. Tenho me dado muito bem. A cada encontro, deparo com uma novidade", comenta.

A deficiência congênita de um membro superior não impediu Alex Fernandes de entrar no mercado de trabalho. Com 32 anos, o profissional está há um ano e meio na companhia desenvolvendo atividades como analista de marketing. Ele ratifica que as ações da empresa contribuem para a formação, a integração e a valorização dos funcionários. "O bom é que com o lançamento do programa, a empresa está fazendo a parte dela e nós, colaboradores, estamos aproveitando ao máximo. Temos a oportunidade de aperfeiçoar e obter novas competências técnicas na companhia", conclui.

Lei de Cotas - Importante para a inclusão social e formal de trabalho das pessoas portadoras de necessidades especiais,a Lei Federal 8.213, mais conhecida como Lei de Cotas, completou recentemente 18 anos. A legislação trabalhista, promulgada em 24 de julho de 1991, mudou a rotina de várias empresas. Isso porque, segundo a norma, toda organização com mais de 100 funcionários é obrigada a destinar de 2% a 5% de suas vagas de emprego a profissionais reabilitados ou pessoas portadoras de necessidades especiais da seguinte forma:
Até 200 colaboradores, reserva-se 2%;
De 201 a 500 funcionários, 3%;
De 501 a 1.000 trabalhadores, 4%;
A partir de 1.001 empregados, 5%.


Publicado em 17/08/2009 no www.RH.com.br.


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