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E-learning: um caminho sem volta para a educação corporativa
Patrícia Bispo
Jornalista responsável pelo conteúdo da comunidade virtual RH.com.br.
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A educação corporativa quebra as barreiras físicas e hoje consegue disseminar o conhecimento em uma velocidade que chega a surpreender as pessoas. Prova disso é a utilização do ensino à distância - o e-learning - que conquista seu espaço como uma ferramenta valiosa no desenvolvimento dos talentos organizacionais. Entre os fatores que estimulam a aplicação desse recurso, encontram-se, por exemplo: agilidade no processo de capacitação e a possibilidade de que os profissionais consigam administrar melhor o tempo, pois em alguns casos é possível que o próprio treinando faça uma adaptação do horário de aprendizado com outras atividades seja no campo profissional ou pessoal.
"Existem empresas que ainda não pensaram na utilização deste recurso, ao passo que outras organizações recorrem ao e-learning e vêm se beneficiando da ferramenta há mais de 10 anos", comenta a superintendente de Pessoas e Processos de Gestão da Paraná Clínicas Planos de Saúde Empresariais, Luciana Piva. Em entrevista ao RH.com.br, ela apresenta os pontos positivos dessa ferramenta e quais os principais fatores que ainda funcionam como barreira para que o ensino à distância seja completamente abraçado por algumas companhias. Vale ressaltar que ela tem estreito relacionamento com o e-learning, afinal, a ferramenta passou a ser utilizada pela Universidade Corporativa da Paraná Clínicas, gerando resultados significativos para a empresa. Como a Era do Conhecimento oferece novidades a cada minuto, essa é uma oportunidade para você se familiarizar ainda mais com este recurso da educação organizacional. Confira a entrevista na íntegra!
RH.COM.BR - Hoje observa-se, que nos últimos anos, a educação à distância tem sido disseminada como recurso para o desenvolvimento dos profissionais. Que fatores contribuem para que isso ocorra?
Luciana Piva - Penso em muitas variáveis para responder a esta pergunta. São vários os fatores relevantes e complementares como, por exemplo, a rapidez com que os fatos acontecem no mundo dos negócios, impactando em treinamentos e na capacitação constantes das pessoas. É necessário agilidade. Também não podemos deixar de mencionar a influência da disseminação dos recursos tecnológicos, bem como o nascimento e a consolidação de uma cultura baseada na tecnologia - internet, comunicação on-line. Hoje a internet é o grande meio de obtenção de informação, seria até estranho se não fosse utilizada para capacitação das pessoas dentro das organizações. Também contamos com a entrada no mercado de trabalho das novas gerações que têm bases de comportamento diferentes e uma delas é o autoaprendizado. Existe ainda a falta de tempo das pessoas e a complexidade do trabalho, que demanda às empresas oferecer maior flexibilidade de horários e locais de treinamento. Se somado a esses quatro fatores que citei, ainda vêm a questão da necessidade de diminuição de custos, que o e-learning também proporciona.
RH - Qual a importância que o e-learning assume no desenvolvimento de profissionais que vivenciam uma realidade globalizada?
Luciana Piva - Mais uma vez entra a questão da velocidade do mundo atual. Pelo e-learning pode-se alcançar com maior rapidez a capacitação ao mesmo tempo em que se otimiza o próprio tempo, estudando na hora e no local que se deseja. Apesar de trabalhar em uma empresa local, imagino as facilidades que o e-learning pode oferecer a uma empresa global, oferecendo aos profissionais no mundo todo a mesma base de informação e treinamento, por exemplo.
RH - As organizações brasileiras estão conscientes sobre a importância do ensino à distância e aplicam esse recurso de forma adequada?
Luciana Piva - Generalizar a resposta seria arriscado. Penso que existem empresas que ainda não pensaram neste recurso, ao passo que outras estão utilizando e se beneficiando da ferramenta há mais de 10 anos. Nos eventos que tenho participado, vejo empresas que estão apenas tendo os primeiros contatos, observo empresas iniciantes, empresas que estão colhendo os primeiros resultados e organizações maduras que já têm incorporada a ferramenta à sua cultura organizacional. Nos debates dos profissionais da área percebo que sim, as que utilizam estão conscientes da importância do ensino à distância, uma vez que é consenso de que este caminho não tem volta dentro da educação corporativa. Existe, sim, a tendência de se utilizar cada vez mais. Ainda são discutidos erros e acertos na implantação, ajustes e adequações, como em qualquer novo recurso. A área toda de educação corporativa nunca foi tão demandada dentro das organizações pelas mesmas razões que apontei no início da entrevista e pelo aumento da competitividade.
RH - O e-learning chegou para ser aplicado em qualquer organização?
Luciana Piva - Em qualquer organização que dispõe de uma base tecnológica para isso, que oferece a estrutura de computadores e acesso à rede. Hoje grandes empresas são as que estão à frente. Porém, é igualmente viável para médias e pequenas. Todas têm necessidade de capacitação constante de pessoas e as vantagens da ferramenta são interessantes a todas.
RH - Quais as vantagens que o ensino à distância oferece às empresas?
Luciana Piva - De forma bem resumida: disponibilização de uma variedade de recursos de aprendizado - como ludicidade, interatividade, exercícios de fixação de conhecimento personalizados - que vão além dos tradicionais; redução de custos com tempo, deslocamento, estrutura; agilidade na disseminação de novos conhecimentos; flexibilidade de acesso - o profissional realiza o treinamento dentro da sua disponibilidade de tempo; acompanhamento individualizado da evolução e desempenho em treinamentos; atender as demandas das novas gerações do mercado de trabalho - como a Geração "Y", que buscam o autodesenvolvimento e dominam a base tecnológica. A capacitação de pessoas, ou melhor, possuir pessoas capacitadas e constantemente atualizadas é cada vez mais um diferencial competitivo para as organizações. É uma vantagem em relação ao concorrente que é de difícil imitação e, além disso, que pode gerar outros diferenciais, já que são as pessoas que geram novas ideias, novos produtos, novos recursos.
RH - O que conselhos a Sra. pode dizer às empresas que pretendem implantar o e-learning para desenvolver o potencial dos colaboradores?
Luciana Piva - As empresas devem conhecer a ferramenta, avaliar casos de sucesso, realizar visitas de benchmarking, buscar parcerias especializadas. Com isso, a empresa vai poder ter uma boa ideia do que pode obter com o e-learning e por onde começar, além de verificar se a ferramenta está alinhada aos seus objetivos de educação corporativa. Um ótimo conselho é ter uma boa estratégia de implantação dentro da organização, que deve considerar aspectos da cultura da empresa, dos desafios estratégicos e das limitações internas para uso da tecnologia. E a comunicação interna é essencial na implantação de novas ideias e no gerenciamento de mudanças.
RH - Quais os erros mais comuns que as organizações cometem ao adotarem o e-learning?
Luciana Piva - Pensar que o e-learning substitui os treinamentos presenciais e confundir e-learning com educação corporativa. O e-learning está a serviço da educação corporativa, que deve estar alinhada à estratégia da organização e deve buscar gerar aprendizado, capacitar e desenvolver pessoas dentro de um sentido mais amplo. O formato do treinamento, se presencial ou não, depende de todo um projeto pedagógico. Os recursos presenciais são ainda essenciais em determinados contextos. Outro erro é iniciar a implantação sem um bom projeto, uma boa estratégia. Como toda novidade, a ferramenta pode sofrer resistências e isso deve ser minimizado. Esquecer-se que as políticas de treinamento, que são as diretrizes da área, também devem ser aplicadas ao e-learning é outro erro. Os mesmos problemas enfrentados nos treinamentos presenciais como ausências e falta de adesão, por exemplo, são enfrentados no treinamento à distância.
RH - Que recursos podem ser utilizados para mensurar os resultados do e-learning?
Luciana Piva - Pensando no acompanhamento da realização dos treinamentos, a própria plataforma LMS (Learning Management System), onde os treinamentos de e-learning são rodados, possibilita uma série de recursos de mensuração. Por exemplo: tempo de utilização, de acesso, desempenho nas avaliações de conhecimento, satisfação e aproveitamento do aluno em relação ao conteúdo. Por outro lado, avaliar resultados de treinamento significa verificar o impacto do treinamento realizado para o negócio, para o desempenho da pessoa na sua função. Independentemente do uso de e-learning para se fazer isso, deve-se iniciar com a clareza dos resultados esperados de cada treinamento. Este planejamento é a base para uma boa mensuração de resultados.
RH - Quais suas expectativas do ensino à distância no mercado nacional?
Luciana Piva - Percebo que existe muito espaço para desenvolvimento deste mercado. Imagino que estamos só começando. A tendência é das empresas utilizarem cada vez mais. Quem já iniciou sabe que é um caminho sem volta. Em outra análise, é senso comum que o Brasil precisa de gente qualificada. Seja dentro da educação de formação escolar seja na educação corporativa. Assim, o espaço para a utilização de novas ferramentas de aprendizado como a educação à distância é enorme.
RH - Que contribuição efetiva a área de RH oferece ao ensino à distância quando o assunto em questão é a educação corporativa?
Luciana Piva - Normalmente a área de educação corporativa está atrelada ao RH, muito embora algumas empresas recentemente têm apresentado modelos diferentes, onde a "Universidade Corporativa", por exemplo, está fora da estrutura de RH. Mas vejo que o RH tem na mão a oportunidade de aprofundar sua atuação na educação corporativa, entendendo o diferencial que o aprendizado pode trazer para a organização. Este é um grande papel estratégico do RH - poder gerar diferenciais competitivos através das pessoas. Aquele RH que tem este desafio pode enxergar no e-learning uma alternativa, um aliado.
RH - Como qualquer outro investimento, o e-learning deve ter um tempo para dar retorno às organizações. Qual o período mínimo que as empresas devem esperar para sentir os benefícios proporcionados pelo ensino à distância?
Luciana Piva - Não sei se existe um período mínimo. Tudo vai depender da forma com que a empresa optou por implantar e dos objetivos que têm com a ferramenta. Por exemplo, a organização pode optar por adquirir a tecnologia, por desenvolver internamente os treinamentos, por capacitar pessoas. Desta forma, seus investimentos podem ser altos e os resultados que espera obter seja de longo prazo, assim o investimento se pagaria no longo prazo. Por outro lado, a empresa pode optar por um pequeno projeto piloto, com resultados específicos em curto prazo e, assim, verificar o retorno do investimento de forma mais imediata. O retorno pode ser medido a cada treinamento desenvolvido. Pela minha experiência, mesmo que o projeto de uso do e-learning seja de longo prazo, os benefícios podem ser sentidos já nos primeiros treinamentos realizados.
Publicado em 31/08/2009 no www.RH.com.br.
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