ESTE É O PADRÃO APRESENTADO SLIDE 1 TÍTULO

Vá para o Blogger Editar HTML e encontrar este texto e substituir pela sua descrição do post em destaque...

ESTE É O PADRÃO APRESENTADO SLIDE 2 TÍTULO

Vá para o Blogger Editar HTML e encontrar este texto e substituir pela sua descrição do post em destaque...

ESTE É O PADRÃO APRESENTADO SLIDE 3 TÍTULO

Vá para o Blogger Editar HTML e encontrar este texto e substituir pela sua descrição do post em destaque...

ESTE É O PADRÃO APRESENTADO SLIDE 4 TÍTULO

Vá para o Blogger Editar HTML e encontrar este texto e substituir pela sua descrição do post em destaque...

ESTE É O PADRÃO APRESENTADO SLIDE 5 TÍTULO

Vá para o Blogger Editar HTML e encontrar este texto e substituir pela sua descrição do post em destaque...

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Oportunidades: é preciso agarrá-las

Patrícia Bispo

Há quem acredite que, algumas vezes, para se atingir o sucesso profissional é preciso ter sorte na vida. Para o administrador de empresas e consultor organizacional, Yasushi Arita, isso é uma inverdade. Para se conquistar um cargo de destaque, por exemplo, o profissional precisa estar disposto a lutar pelo seu desenvolvimento e isso inclui trabalhar competências que hoje são consideradas indispensáveis para o mercado de trabalho, a exemplo das comportamentais. Apesar de muitas pessoas não gostarem de ouvir a palavra fracasso, essa deve ser vista não como o fim do mundo ou uma tragédia insuperável, mas sim considerada o início para uma nova conquista. Em entrevista ao RH.com.br, Arita dá algumas dicas para quem deseja obter sucesso na carreira. "Se alguém quer conquistar algum objetivo eu aconselho que não conte com a sorte", afirma o consultor. E se você está pensando em rever seus objetivos e metas profissionais, inclusive até mesmo você que deseja atuar ou já é da área de Recursos Humanos, aproveite a leitura!

RH.com.br - Alavancar a carreira é apenas uma questão de força de vontade da pessoa ou existem outros fatores que influenciam o sucesso profissional?
Yasushi Arita - A força de vontade impulsiona, mas sozinha não faz com que uma pessoa alcance seus objetivos. Ela deve ser somada a outros fatores essenciais para qualquer profissional. Na minha opinião, existem quatro importantes fatores que contribuem para um profissional alavancar sua carreira. O primeiro ponto é gostar do que faz. A atividade que realizamos deve ser prazerosa e estimulante. Pode até acontecer de um profissional desenvolver alguma atividade que não lhe agrade, mas se a intenção é se preparar, seja em conhecimentos ou financeiramente para aproveitar o momento oportuno, a satisfação e a vontade de fazer o melhor aumentam. Caso contrário deve criar coragem e aceitar outros desafios para desenvolver suas habilidades. Outro ponto é manter-se preparado e atualizado na área em que atua. Ter persistência para continuar em busca do alvo independentemente das circunstâncias e, principalmente, ter na mente e no papel um planejamento com metas e objetivos. Para quem não sabe aonde quer chegar a força de vontade não faz diferença alguma.

RH - Para se chegar ao sucesso também é preciso contar com um pouco de sorte?
Yasushi Arita - Se uma pessoa quer conquistar algum objetivo eu aconselho que não conte com a sorte. É mais garantido arregaçar as mangas e seguir em busca das suas conquistas. O que muitas vezes consideramos ser sorte é, na verdade, uma oportunidade bem aproveitada. O profissional que conquista um cargo de alto escalão numa empresa pode dizer que isso é um golpe de sorte ou resultado do investimento que fez em sua carreira? Agora digamos que um jovem profissional ganhou uma bolsa integral para fazer pós-graduação no Exterior, mas, apesar de diversas vezes ter iniciado um curso com esse objetivo não consegue pronunciar mais que um "good morning" e, por isso, não tem como corresponder às exigências da escola. Isso é falta de sorte? Não. Foi falta de preparo para aproveitar uma boa oportunidade. As oportunidades são identificadas por aqueles que estão preparados para enxergá-las.

RH - Atualmente, quais as principais competências que o mercado busca no profissional?
Yasushi Arita - Independentemente da área de atuação, a visão do especialista não é mais o único atributo desejável no mercado. O profissional do século XXI tem que ter mil e uma utilidades, ou seja, ter uma formação técnica é importante, mas deve ser somada a outros conhecimentos e atributos. O mercado precisa de profissionais que tenham talento, competência para várias habilidades, interesse constante em buscar treinamento, visão global, controle emocional e comunicação interpessoal. Pode parecer muita exigência para uma única pessoa, mas a verdade é que cada um de nós tem esses atributos, a questão é que muitos não se consideram capazes em associá-los. Um exemplo de personagem que sabe até hoje associar e obter bons resultados é Edson Arantes do Nascimento, conhecido mundialmente como Pelé, Rei do Futebol. Ele tem talento nato, assim como diversos outros jogadores, tem competência para desenvolver suas habilidades e jamais deixou de treinar, mesmo no auge de sua carreira. O fato de saber fazer bem alguma coisa não nos isenta de ter que treinar para melhorar sempre. O profissional que é capaz de associar suas habilidades certamente tem mais condições de responder às adversidades.

RH - Essas competências valem para qualquer profissão?
Yasushi Arita - Sim, essas competências valem para qualquer área de atuação, desde um limpador de vidros até o diretor de uma multinacional. O mercado precisa de profissionais que entendam as diversas ramificações do negócio que desenvolve. Isso acontece porque o modelo organizacional está cada vez mais enxuto e os recursos tecnológicos cada vez mais sofisticados. Na minha equipe, por exemplo, todos os profissionais são estimulados a desenvolver diferentes funções com a mesma destreza, o que eles correspondem de forma bastante positiva.

RH - O desenvolvimento das competências técnicas e comportamentais é de inteira responsabilidade do profissional ou as empresas também devem assumir uma parcela de contribuição?
Yasushi Arita - O desenvolvimento das competências técnicas e comportamentais depende tanto do profissional como da empresa. O profissional deve buscar alternativas para o seu desenvolvimento e, por outro lado, a empresa deve oferecer condições para que o seu colaborador possa desenvolver-se. As duas partes devem ter consciência de que um bom profissional é sempre assediado pelo concorrente e uma boa empresa é sempre alvo de bons profissionais. A parceria ideal acontece quando os interesses das partes têm a mesma finalidade. Não veremos um bom resultado quando a empresa está interessada no desenvolvimento de seu funcionário e este não tem interesse em aproveitar o que lhe é oferecido e o contrário também é verdadeiro.

RH - Que conselhos o senhor daria para um profissional que busca obter sucesso, mas sente que sua carreira estagnou?
Yasushi Arita - Quando um profissional sente que sua carreira está estagnada o primeiro passo é reconhecer que a responsabilidade é totalmente dele. Procurar culpados e justificativas é perda de tempo. Para não chegar a esse ponto é preciso treinar, treinar e treinar, o que abrange sair em busca de cursos, palestras, bate-papo com outros profissionais, se inteirar com as necessidades do mercado e ler muito. Cada profissional deve assumir o compromisso consigo mesmo de se manter atualizado para aproveitar as oportunidades. Lembra-se que falamos que não existe sorte? Quando um profissional está seguro da sua competência para desenvolver um projeto ou ocupar determinada função ele elabora estratégias para alcançar seu alvo. A falta de objetivo é o principal fator que emperra uma carreira. O meu conselho? Mãos à obra. Trace suas metas e objetivos e se determine a alcançá-los.

RH - A ambição é fator primordial para quem busca o sucesso?
Yashusi Arita - Quando falamos em ambição, a grande maioria das pessoas remete seu pensamento a algo pejorativo, pecaminoso, atributo de alguém que não tem caráter. Mas, não é nada disso. O Aurélio define o termo como desejo veemente de alcançar bens materiais ou o que satisfaz o amor próprio e não há nada de errado num ser humano que tenha desejos. Aliás, ambição está intimamente ligada aos sonhos, às meta e aos objetivo. Embora não seja fator primordial, sem ambição ninguém chega a lugar algum. Para alcançar o sucesso preciso desejá-lo, ter ambição pela conquista.

RH - No caminho até o sucesso, como o profissional deve lidar com um possível fracasso?
Yasushi Arita - Embora muitos profissionais não gostem nem de pronunciar essa palavra, o fracasso faz parte do sucesso. É uma oportunidade de aprendizado, de rever onde é preciso melhorar, o que está faltando para alcançar os objetivos. Outro dia eu estava jogando uma partida de tênis e perdi feio. Aquilo me deixou intrigado e, ao invés de ficar buscando justificativas, decidi rever mentalmente todos os lances e descobrir onde eu precisava melhorar. Detectei diversos aspectos e comecei a treinar cada um deles. Certamente na próxima partida ficarei mais atento aos lances, vou me aperfeiçoando até chegar o momento em que não cometerei mais os mesmos erros. Na vida profissional é a mesma coisa. A análise que fiz da partida de tênis cabe em todas as áreas da nossa vida. Fracasso não é o fim é a oportunidade de um novo começo.

RH - O erro, na trajetória para o sucesso profissional, deve ser sempre visto como aprendizagem?
Yasushi Arita - Existe um ditado que diz "errar é humano" e eu concordo plenamente com isso. Se existe ser humano perfeito ainda não me apresentaram a ele. Ninguém é perfeito, embora muitas pessoas busquem a perfeição nos outros e nas circunstâncias. O medo de errar impede o crescimento. Assim como a questão do fracasso que falamos anteriormente, o erro é uma oportunidade de rever o que precisamos melhorar. Aqueles que assumem seus erros têm muito mais chances de acertos.

Patrícia Bispo
Formada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco/Unicap. Atuou durante dez anos em Assessoria Política, especificamente na Câmara Municipal do Recife e na Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco. Atualmente, trabalha na Atodigital.com, sendo jornalista responsável pelos sites: www.rh.com.br, www.portodegalinhas.com.br e www.guiatamandare.com.br.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

O elo entre motivação pessoal e profissional

"O fracasso é a oportunidade de se começar de novo inteligentemente." - Henry Ford

Em entrevista ao RH.com.br, o consultor e palestrante motivacional, Gilclér Regina afirma que não é possível separar a vida pessoal da profissional, pois ambas andam lado a lado.

Patrícia Bispo*

Quem já não teve momentos complicados no ambiente de trabalho e precisou buscar forças que acreditava não mais existirem? Quem também não enfrentou problemas pessoais que acabaram refletindo no desempenho profissional? Seja no primeiro ou no segundo exemplo, o fato é que muitas pessoas saíram de situações complicadas porque encontraram o ingrediente certo: acreditaram em si próprias, dando um tempero todo especial de motivação às suas vidas. E para quem pensa que motivação pessoal e profissional passam por caminhos divergentes, engana-se completamente. Em entrevista ao RH.com.br, Gilclér Regina, consultor e palestrante motivacional, explica que se o profissional passa por momentos de dificuldade no ambiente organizacional, isso fatalmente acarretará conseqüências na sua vida pessoal. Segundo ele, não existe uma receita única que possa atender a todas as empresas quando a questão é desenvolver um programa motivacional, pois cada empresa possui suas peculiaridades, suas necessidades e públicos internos diferenciados. Confira a entrevista e boa leitura!
RH.com.br - Motivação pessoal e profissional caminham, obrigatoriamente, lado a lado?
Gilclér Regina - Eu acredito muito nisto, pois entendo que a motivação do ser humano é justamente aquela que o faz buscar um melhor sentido da vida, melhores condições de vida para sua família, para seu bem-estar e isso está intimamente ligado à sua condição profissional. Com isso, percebemos que se a pessoa está de bem com a vida, o seu trabalho vai bem. Quando ocorre de alguém estar bem no trabalho, mas na vida pessoal as coisas não estão acontecendo é tudo uma questão de tempo e o reflexo dessa situação também afetará a vida profissional. Ninguém tem nervos de aço e como seres humanos somos afeto em pessoa, carência de sentimentos melhores, de espiritualidade, de motivação, de se acreditar crescendo e, sobretudo de família e quando um dos pilares cai, a possibilidade de erro, de desconcentração, de maus resultados e de nada dar certo é muito maior.

RH - O que tem sido mais difícil para as pessoas: encontrar motivação pessoal ou profissional?
Gilclér Regina - Acredito que as duas, mas coloco um peso maior na motivação pessoal porque enquanto profissão, o ser humano é 90% adaptação e esta inclusive só irá acontecer se ele estiver 100% motivado como pessoa. Há muita pressão nos dias de hoje. Se alguém estiver desempregado, enfrenta pressão em casa, na família, recebe uma carga de estresse muito grande, aumenta o medo e aí a tendência é piorar. Se estiver em plena carga de trabalho, cobra mais resultados de si mesmo ou recebe esta carga dos superiores e o próprio medo dos bons ventos irem embora. É preciso mesmo muito cuidado para não se deixar levar pela desmotivação e olhe que o passatempo nacional é falar de coisas que não dão certo, do momento político difícil, da descrença nas autoridades, da violência urbana, de tudo e aí, adeus sucesso.

RH - As pessoas sentem dificuldade em se manter motivadas por que o problema normalmente está dentro do próprio ser humano ou na empresa onde se atua?
Gilclér Regina - Vejo isto como uma forma cultural. Primeiro vem da própria família. Uma criança com oito anos já recebeu aproximadamente 100 mil vezes a palavra "não" e isto fica gravado. Como aprendemos desde pequenos, acaba ficando mais fácil aceitar o "não" do que o "sim". Depois vem a sociedade, onde as conversas e as fofocas são sempre sobre alguma circunstância negativa e vários programas de sucesso têm o foco na violência, nas coisas negativas, na desesperança, na desgraça alheia. Eu falo para meus amigos que ser capa de jornal com notícia boa é difícil mesmo, porque com notícia negativa qualquer bandido é capa. Nas empresas não é diferente, pois conta o ambiente, a transparência, a justiça na distribuição de resultados, no desânimo que se instaura por qualquer notícia negativa. Perceba que as dez empresas mais lucrativas do país na edição de Maiores e Melhores de Exame também estão entre as melhores empresas para se trabalhar na edição da Você S.A. Mas o problema nunca é o problema, é a atitude que temos diante dele e o medo do problema é pior que o próprio problema.

RH - Quais os fatores que mais têm prejudicado a motivação humana, seja no campo pessoal ou profissional?
Gilclér Regina - Entendo que o mercado de trabalho é o grande complicador. A indústria mais desemprega do que emprega, o trabalho migrou para empresas de tecnologia, comunicação, prestadores de serviço, terceirizadas e nem sempre esse contingente de pessoas tem acesso a um programa de qualificação e sem qualificação não há emprego ou pelo menos um trabalho melhor e isso gera uma grande desmotivação em efeito cadeia, ou seja, se você como profissional não tem um bom trabalho ou mesmo não tem um emprego, como é que pode ficar bem dentro de casa e com você mesmo? Naturalmente vem o medo e as pessoas acabam não acreditando nem em si mesmas.

RH - A falta de motivação no campo profissional pode ser superada apenas pelo indivíduo ou ele necessita do apoio corporativo?
Gilclér Regina - As duas coisas devem ser feitas. A pessoa pode buscar ajuda de várias formas, com iniciativa própria, não se acomodando, buscando uma literatura adequada, tendo mais atitudes positivas, aumentando sua rede de relacionamentos. A empresa, por sua vez, deve investir mais em qualificação com foco em comportamento e motivação, ajustando mais as necessidades do indivíduo com a empresa, fazendo com que ele se comprometa, mas seja também feliz e efetivamente focado nos resultados necessários. O empresário investe 10 milhões de reais numa frota de caminhões e não investe 10 mil reais para treinar o comportamento e a atitude do motorista para com aquele patrimônio ou com a filosofia da empresa. Acaba sendo uma incoerência. O bom senso é ver que treinar dá lucro.

RH - Se uma pessoa recebe estímulos motivacionais da empresa para vencer desafios profissionais, isso poderá gerar reflexos da vida pessoal?
Gilclér Regina - Com toda a certeza deste mundo, porque quando a pessoa vence metas, conquista resultados, supera desafios, ela libera toda aquela carga de adrenalina e essa energia positiva de um ser humano que sente que é útil, importante é levada para sua vida pessoal. Ele passa até a se ver como uma pessoa mais bonita e com mais saúde. Esse processo a medicina batiza como "acetilcolina", isto é, açúcar no sangue, coloca o prazer acima de tudo. É o gosto indescritível da missão cumprida.

RH - Quando a falta de motivação começa realmente a ser uma ameaça para o indivíduo?
Gilclér Regina - Quando ela passa a ser indiferente às coisas que estão acontecendo é o primeiro sintoma. Pode ser alguma coisa que está incomodando como um relacionamento conflituoso dentro ou fora da organização. Esse tipo de pessoa que anda cabisbaixa, se veste mal, briga por qualquer coisa ou o contrário não briga por nada, é apática, no time do "tanto faz como fez", algo que eu definiria como uma "depressão moral". Pessoas assim são ansiosas para a semana terminar logo, comentam com o grupo que a sexta-feira não chega nunca e ainda ficam doentes facilmente. De uma forma geral esses sintomas são percebidos.

RH - Que dicas o Sr. daria para quem se sente desmotivado, seja no campo pessoal ou no profissional?
Gilclér Regina - Buscar ajuda. A visão que se tem da espiritualidade nesse momento é muito grande porque se uma pessoa é muito desmotivada, normalmente essa pessoa está sem fé, isto é, longe de Deus. E não existe meia fé, ou tem ou não tem. E essa fé cura mesmo. Os laboratórios, quando testam o novo produto que foi pesquisado por longos anos, tem os voluntários recebendo o medicamento. Metade recebe o verdadeiro e metade pensa que está recebendo o remédio verdadeiro, mas é o placebo, um comprimido de farinha. Existem registros de 63% de cura no placebo, ou seja, quem curou foi a fé no remédio. Nesta ajuda que poderia ser a conversa com profissionais, seja da área motivacional, psicológica ou religiosa essa pessoa poderia verificar através do exemplo de outras que existe muita gente fazendo verdadeiros milagres na vida para sobreviver e alguns até atingindo um pódio até então inimaginável e que Deus nunca fez o ser humano para ficar grudado ao chão e sim para voar alto.

RH - Os programas motivacionais exigem critérios básicos?
Gilclér Regina - Depende muito de cada empresa a adoção de um programa com critérios próprios. Tem empresa que realiza um culto ecumênico toda segunda-feira pela manhã com participação voluntária de 99% dos trabalhadores de todos os níveis e premia quando alguém se casa, com dinheiro e folga de uma semana. Essa empresa figura entre as 150 melhores para se trabalhar no país, mas não necessariamente isso seria o melhor critério para outra. Outras que também figuram entre as melhores têm o foco em participação de resultados e possibilidade mais rápida de ascensão na carreira.

RH - Quais os erros primários que as empresas costumam cometer quando lançam programas motivacionais?
Gilclér Regina - Não perguntar o que motiva. Acabam dando bens materiais para executivos que os têm sobrando em casa e oferecendo viagens para pessoas de funções mais simples que têm carência de todo e qualquer bem material em casa. Acabam atropelando-se por não fazer uma coisa básica: perguntar o que motiva. O pessoal de RH normalmente pesquisa, identifica as necessidades, mas infelizmente nem todas as empresas no Brasil ainda têm um departamento destes funcionando e interagindo com todas as outras áreas, estudando diariamente a posição estratégica da empresa e o comprometimento dos talentos humanos da empresa para com o negócio e vice-versa.

RH - A visão de que motivar pessoas custa caro para as empresas é uma realidade ou uma desculpa de quem não se vê preocupado com o clima organizacional?
Gilclér Regina - A primeira é mito, porque muito mais caro é ter uma empresa com pessoal desmotivado, um desserviço à inteligência de qualquer um. E essa "desculpa", só poderia vir de pessoas descompromissadas com o negócio. Uma coisa é inevitável na vida onde palavras são palavras, promessas são promessas, desculpas são desculpas, mas o que importa mesmo são os resultados. Na mesma equipe tem gente marcando gol e outros marcando os gols contra e estes estão comprometendo os resultados. Acredito que o clima organizacional que percebe a possibilidade de melhores resultados entende que atitude é a palavra-chave e esta vem com treinamento que tenha foco na motivação e no comprometimento. Eu sou do tempo que ia namorar. Os meus filhos hoje "ficam", e isso não gera compromisso, portanto, nada de resultados efetivos. Pablo Picasso foi quem disse: "Fiz um pacto com o destino, tornei-me o meu próprio destino - um destino em ação". A empresa que quer resultados sabe que tem que motivar pessoas e fazer um pacto com a atitude, isto é, destruir para construir. Destruir o mau humor para construir bom humor, destruir a mentira para construir a verdade, destruir a desculpa para construir resultados.

*Patrícia Bispo
Jornalista responsável pelo conteúdo da comunidade virtual RH.com.br.

Link para a entrevista: http://www.rh.com.br/ler.php?cod=4264&org=1

sábado, 5 de novembro de 2005

O Sabor do Saber

*por Tom Coelho

"Se os textos lhes agradam, ótimo. Caso contrário, não continuem,
pois a leitura obrigatória é uma coisa tão absurda quanto a felicidade obrigatória."
(Jorge Luis Borges)

Tomei conhecimento a partir de um artigo do excelente Gilberto Dimenstein que 180 mil jovens com formação superior não foram suficientes e capazes para atender à demanda por 872 vagas de estágio e trainee em empresas brasileiras.

Reflexo da crise de nosso modelo educacional, estes números, tabulados ano passado pela pesquisadora Sofia Esteves do Amaral, indicam o abismo existente entre o que as escolas entregam e o que as empresas solicitam. A qualificação acadêmica está desalinhada da qualificação profissional.

É indiscutível que devemos promover uma Cruzada pela Educação. Vender a idéia da Educação para o Brasil, colocando-a como prioridade, ao lado da Saúde e da Ciência e Tecnologia, nas discussões orçamentárias e de planejamento estratégico nacional. Criar o conceito de responsabilidade educacional e infligir com a perda do mandato prefeitos que desviam recursos das salas de aulas para a construção de estradas e outras finalidades que lhes conferem capital político mais imediato. E investir no docente, sua formação e sua remuneração, pois a chave da boa escola é o professor.

Todavia, mesmo diante de toda esta breve argumentação, minha conclusão mais precisa é que o problema da Educação está na escola que ficou chata, perdeu a graça, não acompanhou a evolução do mundo moderno. O aluno não vê aula, quando vê não presta atenção, não se aplica nos deveres de casa e vai mal nas provas. Lembra-me aquela máxima marxista: uns fingem que ensinam, outros fingem que aprendem. Só esqueceram de avisar o mercado desta combinação.

São estes alunos que serão reprovados num simples processo seletivo. E serão eles que, gerenciando companhias ou decidindo empreender um negócio próprio, engordarão as já elevadas estatísticas de insucessos empresariais.

A Educação perdeu o sabor. E é curioso constatar isso quando desvendamos pela etimologia que as palavras sabor e saber têm a mesma origem no verbo latino sapare. O conhecimento é para ser provado, degustado. é como se a cabeça (o estudar) estivesse em plena consonância com o coração (o gostar).

Cozinhando Palavras

O que me faz avançar madrugada adentro postado diante de uma tela, digitando em um teclado, com música ao fundo e pensamento ao longe, produzindo artigos como este? A resposta está no desejo de escrever um texto que traga prazer ao leitor tal qual o banquete preparado por um cozinheiro a seus convidados.

Todo escritor tem duas fontes de inspiração: uma musa e outros escritores. Minha musa é o próprio mundo, uma obra de arte, um livro dos mais belos para quem o sabe ler. Já meus "padrinhos" são muitos, são tantos, que não posso colocar-me a relacioná-los. Acabariam as laudas, faltaria paciência ao leitor e eu incorreria invariavelmente no pecado capital da negligência, deixando de citar nomes por traição da memória.

Rubem Alves é um destes nomes. Vem dele a inspiração desta metáfora que envolve escritores e cozinheiros. Minha cozinha fica numa sala. Minha bancada é uma mesa. Meu fogão é um computador. Minhas panelas são minha cabeça. Meus ingredientes são as palavras. Vou selecionando-as, misturando-as e provando de seu resultado. Saboreio com os olhos e cuido para que temperos em excesso não acabem com outros sabores.

Há dias em que estou tomado pela culinária italiana. Então produzo textos encorpados que alimentam a consciência e que pedem uma taça de vinho tinto, cor de sangue, de contestação. Corpo e sangue. São os momentos de questionamento da ordem, este prazer da razão, banhado pela desordem, esta delícia da emoção.

Noutros dias, sinto-me inspirado pela cozinha francesa. é quando me torno econômico no uso dos ingredientes, mas extravagante no uso dos temperos. é quando surgem os textos mais leves na forma e mais profundos em seu conteúdo, convidando todos a uma demorada reflexão.

E assim sucedem as semanas, sucedem os artigos. A cada semana um prato novo. Alguns nascem naturalmente, demandam pouco tempo de cozimento. Outros, por sua vez, ficam dias no forno. Consomem uma quantidade incrível de palavras. Letras que vêm e que vão. Chegam mesmo a queimar os dedos mas finalizá-los tem seu propósito ao imaginar a satisfação de quem os lerá, estampada no brilho dos olhos, no sorriso de canto de boca.

Assim entrego-me a este ofício, marchando pitagoricamente com o pé direito para as minhas obrigações e com o pé esquerdo para os meus prazeres, tendo a certeza de que o escrito com esforço será lido com apreciação.

Paul Valéry diz que um homem feliz é aquele que, ao despertar, se reencontra com prazer, se reconhece como aquele que gosta de ser. Saber o que se é e o que se deseja ser: quanto sabor há nisso!

31/08/2003

Tom Coelho!, com formação em Economia pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA-FEA/USP, é empresário, consultor, professor universitário, escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting e Diretor Estadual do NJE/Ciesp. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br.
Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site www.tomcoelho.com.br e comunicada sua utilização através do e-mail talento@tomcoelho.com.br

Obs: O conteúdo dos comentários á seguir são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.
-------------------------------------------
Autor: Silvana Parzianello
Comentário: O seu artigo é formidável, a maneira que você escreve é como se eu estivesse juto á você, como se tivessemos dialogando. Li outros artigos seu e isso despertou-me o interesse de ver qual era a sua figura estética, curiosidade que desperta quando nós admiramos o que a pessoa faz, você é formidável, gostaria muito de um dia assistir uma de suas palestras. Silvana Cascavel Paraná
-------------------------------------------

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Síndrome de Deus

*por Tom Coelho

“Existe uma força vital curativa com a qual o médico tem de contar.
Afinal, não é o médico quem cura doenças: ele deve ser o seu intérprete.”
(Hipócrates)

Dediquei-me nas últimas semanas ao meu check-up anual. Mens sana in corpore sano. Decerto que não se trata de uma atividade lúdica nem tampouco prazerosa. Mas é agradável receber resultados de exames sentenciando que você está bem. Afinal, quem pode prescindir da saúde pública, paga um plano de assistência médica como quem compra um jazigo: espera postergar ao máximo o uso do benefício contratado.

A partir das diversas consultas efetuadas pude estabelecer um padrão de comportamento entre os profissionais que me atenderam que cunharei como “paradigmas médicos”.

O primeiro deles é de ordem educacional. Absolutamente todos, sem exceção, recebiam-me com uma indagação inaugural: “Qual seu problema?”. Houve variantes como “O que você tem de errado?”, ou “O que você está sentindo?”, esta última revestida de maior humanismo posto que remete a um estado emocional em vez de uma constatação objetiva.

Pode parecer curioso, mas o fato é que eles se surpreendiam quando eu argumentava que estava apenas fazendo um check-up. O cardiologista postulou que eu não tinha o que fazer, o urologista supôs minha vida promíscua, e o clínico-geral imaginou que eu apenas pretendia um atestado.

Quando você compra um carro ele sai da concessionária com um Manual de Garantia e um Manual de Manutenção. A vigência do primeiro depende do fiel cumprimento da cartilha do segundo. O veículo tem data ou quilometragem certa para visitar a oficina onde uma série de itens serão verificados. Enfim, carros podem e devem fazer revisões periódicas, segundo o senso comum. O corpo humano não...

O segundo paradigma é de ordem ambiental. Os consultórios são todos muito parecidos. Salas de espera com uma ou mais recepcionistas robotizadas. Parecem treinadas a solicitar-lhe um documento de identificação, a carteirinha do convênio médico, alguns dados pessoais para registro na anamnese, oferecendo-lhe um breve sorriso amarelo após a assinatura da guia de consulta. Nas mesas repousam revistas velhas. As paredes são geralmente vazias e a decoração, nula.

Mas o pior encontra-se na sala privada dos médicos. Eles ficam postados atrás de suas mesas, sentados em cadeiras deslizantes e com espaldar alto similar às utilizadas por presidentes e diretores de empresas. Para o paciente, uma cadeira pequena, com encosto baixo, desprovida de braços ou rodízios. Estabelece-se ali um grau de separação. O tampo da mesa promove a separação física e a diferença de altura proporcionada pelos assentos coloca os olhos fora de alinhamento haja vista que o paciente precisa erguer seu olhar para encontrar o de seu interlocutor.

O terceiro aspecto tem caráter profissional. O tempo é a matéria-prima mais escassa que temos. E volátil. Você pode desperdiçar seu tempo, pois é sua responsabilidade fazer o que quiser com o que lhe pertence. Mas ninguém tem o direito de dispor do tempo alheio sem prévia anuência. Por isso, é inadmissível que médicos façam pacientes aguardarem nas insípidas salas de espera descritas acima porque atrasam no atendimento por agendarem consultas a cada vinte minutos criando um cronograma impossível de ser cumprido.

Também já é hora de emitirem receituários capazes de serem lidos por pessoas apenas alfabetizadas, sem formação acadêmica em aramaico ou conhecimento de hieróglifos.

O quarto paradigma é de ordem cultural. Grande parte dos médicos sofre da chamada Síndrome de Deus. Acreditam-se seres superiores, dotados de superpoderes, da capacidade singular de curar. Têm a presunção de litigar pela vida ou pela morte.

Senti de perto a manifestação da tal síndrome em consulta com uma dermatologista para acompanhar a herança genética que ataca meus cabelos. Uma senhora de meia-idade, com títulos diversos afixados na parede e estável financeiramente – vários eram os sinais a indicarem isso, atendeu-me com poucas palavras, evitando o diálogo. Examinou-me à distância, evitando o contato físico. Buscou a brevidade, sequiosa pelo término da consulta. Eu buscava informação e orientação. Tive que extraí-las a fórceps.

Esta experiência vivida no mundo da medicina levou-me a conclusão de que, mais uma vez, temos sérios problemas em nosso sistema educacional. Porque lá é o berço onde todos estes paradigmas nascem e são nutridos. As escolas de medicina precisam incluir administração e marketing entre suas disciplinas regulares...

Médicos são formados todos os anos para serem profissionais da saúde. Mas agem como profissionais da morte, não da vida. Começam suas carreiras como residentes nos hospitais, instituições destinadas a tratar de pessoas doentes, construídas com arquitetura gélida e árida, tomadas por um silêncio sepulcral rompido apenas pelos gritos de dor e agonia dos internos, do choro dos parentes ou do ranger de rodízios de macas e cadeiras que perambulam pelos corredores.

é por isso que ao migrarem dos hospitais para os consultórios reproduzem o ambiente inóspito no qual foram preparados e passam a questionar aos seus pacientes onde está a doença. A herança maldita os impede de construir espaços mais harmoniosos e agradáveis.

Imagino o dia em que as salas privadas serão decoradas como se fossem salas de estar onde o médico atenderá o paciente como quem recebe um novo amigo para um bate-papo. Em vez de uma mesa de trabalho e duas cadeiras, sofás e uma mesa de centro para duas pessoas iguais que conversarão amistosamente. O médico recepciona seu visitante na sala de espera – esta munida de revistas e livros para entretenimento e som ambiente – conduzindo-o até sua sala.

A conversa segue descontraída, informal, permitindo que o paciente sinta-se à vontade para relatar o que lhe parecer conveniente. O quadro clínico formado é muito mais completo e pode ensejar prescrições mais adequadas. Muitas enfermidades têm eminentemente cunho psicológico...

Um receituário é expedido com letras legíveis. O medicamento aviado é apresentado tecnicamente, justificando-se sua escolha. A consulta transcorre dentro de um intervalo de tempo adequado. Sem pressa, sem arroubos.

Por fim, que os médicos, à luz dos ensinamentos de Hipócrates, tido como o “Pai da Medicina”, descubram, a despeito de tudo e com a máxima urgência, que não são deuses, mas sim, como cada um de nós, parte de Deus, ungidos com a competência de identificar, localizar, interpretar e ministrar o tratamento que poderá levar à cura. São meramente instrumentos de Deus não havendo espaço para prepotência ou arrogância. Apenas para compaixão.

12/04/2005

Tom Coelho!, com formação em Economia pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA-FEA/USP, é empresário, consultor, professor universitário, escritor e palestrante. Diretor da Infinity Consulting e Diretor Estadual do NJE/Ciesp. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br.
Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site www.tomcoelho.com.br e comunicada sua utilização através do e-mail talento@tomcoelho.com.br

Obs: O conteúdo dos comentários á seguir são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.
-------------------------------------------
Autor: graciela
Comentário: Varias vezes já fiquei constrangida por ese comportamento e me senti impotente,me sentí como se fosse uma intrusa até cheguei a me perguntar, será que falei ou fiz alguma coisa errada? Tambem pensei ele (ela) não foi com a minha cara...Este artigo deveria ser lido por eses profisionais que atuam dessa maneira. Obrigada.Um abraço.
-------------------------------------------
Autor: Adelia Moreira
Comentário: Excelente. Nao resisti e indiquei seu artigo a varios medicos que conheço Um abraço Adelia
-------------------------------------------